A segunda interpretação é a da avaliação justa. Segundo o evangelho de São Mateus, Jesus teria dito aos falsos puritanos que até as meretrizes e os odiados coletores de impostos entrariam antes deles no reino dos céus.
E, para essas pessoas, o mais importante não é receber o título de primeiro, pois o prazer mora mesmo é na percepção do valor do que se faz. E, sendo assim, é difícil não ser o primeiro, seja lá o que isso signifique. De fato, ser o primeiro é um conceito que é relativizado pelo valor que se atribui a ele e pela disposição que se tem para pagar o preço devido.
O último é o primeiro
Depois de muito ouvir sobre a inconstância dos fatos da vida moderna, um jovem universitário conversa com um professor que era conhecido por sua sabedoria e experiência de vida. Pergunta-lhe:
- Mestre, o que será mais importante para o sucesso de minha carreira: a velocidade ou a resistência?
- Mestre, o que será mais importante para o sucesso de minha carreira: a velocidade ou a resistência?
Impassível, o professor lhe diz:
- Se você for veloz, vencerá às vezes; se for resistente, vencerá sempre.
- Se você for veloz, vencerá às vezes; se for resistente, vencerá sempre.
Esse diálogo nos remete às duas modalidades principais de corrida: a prova dos 100 metros rasos, que costuma ser decidida em torno de dez segundos um esporte de explosão muscular onde quem larga na frente costuma chegar primeiro , e a maratona, que não depende da velocidade inicial, e sim da resistência física e do controle emocional para administrar a energia orgânica.
Com freqüência os fatos de nossa vida podem ser comparados a essas modalidades esportivas, mas, se olharmos de perto, veremos que na vida diária a resistência está ganhando da velocidade, como aconselhou o professor. Quem administra bem os seus esforços costuma colher melhores resultados, inclusive nas provas de velocidade, que dependem de treinos exaustivos, quando vale muito mais a resistência ao cansaço e ao desânimo.
Sobre esse tema, há mais uma verdade a ser analisada, a de que o valor de ser o primeiro é menor do que o valor do que se faz para chegar lá. O esforço é justificado pela vitória, e esta tem um sabor proporcional a esse mesmo esforço.
Entretanto, às vezes, o que se faz para vencer e ser o primeiro coloca a perder o prêmio e o sabor da vitória. Na vida real, políticos corrompidos, empresários corruptores, atletas anabolizados e artistas plagiadores estão entre os que fatalmente descobrirão que os fins não justificam os meios. Ser, na disputa, o primeiro a qualquer custo acaba por deslocar o campeão para o último lugar no placar da moralidade.
(Texto de Eugênio Mussak – Revista Vida Simples)
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